Neste artigo mostramos para você 7 melhores livros para Recrutamento e Seleção fundamentais para aplicar na melhora dos seus processos seletivos
Na Era da Informação, para obter sucesso profissional não basta possuir conhecimento técnico e disposição, mas é necessário, também, um vasto repertório cultural para lidar com as dificuldades de forma criativa e inovadora
“Não há livro tão mau que não tenha algo de bom.” Miguel de Cervantes, escritor, dramaturgo e poeta espanhol, autor da obra-prima universal “Dom Quixote”
Muito se fala sobre a importância da leitura, não apenas no âmbito didático e acadêmico, mas também como uma ferramenta de emancipação intelectual. Nesse artigo, você vai encontrar a sugestão de leitura de 7 livros que todo profissional de Recrutamento & Seleção precisa ler. Mas não se trata apenas de livros com informações técnicas para o exercício da profissão. Continue comigo, pois eu prometo que você vai se surpreender.
Sumário
Breve histórico do hábito da leitura
“Examinai tudo. Retende o que é bom.” Paulo de Tarso, apóstolo cristão (I Tessalonicenses 5:21)
Segundo pesquisas historiográficas, a escrita cuneiforme, primeiro sistema de escrita de que se tem notícia, surgiu na região da antiga Mesopotâmia, no reino da Suméria (atual Iraque), há mais de 5 mil anos. Desde então, a arte de escrever (e consequentemente de ler) foi aprimorada e diversificada.
Nas sociedades mais antigas, a leitura era uma função exclusiva da classe sacerdotal, e tinha um caráter coletivo através da leitura oral. Outra característica era o hábito de se decorar longos trechos de textos poéticos e/ou sagrados para esse exercício público das leitura.
A chamada leitura silenciosa, ou seja, aquela realizada individualmente, sem exposição pública, passou a ser praticada apenas na Era Medieval, com os monges copistas, que precisavam ao mesmo tempo transcrever manuscritos, não apenas do Antigo e do Novo Testamento, mas também da filosofia grega, e respeitar o costume de estar em silêncio, comum na filosofia monástica e necessário para uma transcrição textual exata.
Após Johannes Gutenberg inventar a imprensa, no século XV, o hábito da leitura silenciosa deixou de ser exclusivo dos monges e se difundiu pela Europa, ganhando corpo definitivo no século XVIII com o advento das feiras literárias promovidas por escritores e pensadores Românticos, até se transformar praticamente no único formato aceitável em todo o mundo, com exceções aqui e acolá.
Se você quer aprimorar seu repertório cultural, leia esse artigo até o final e conheça os 7 Livros que Profissionais de R&S precisam ler.
Confira quais são os 7 livros
“A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde.” André Maurois, biógrafo e ensaísta francês
Agora que nós já estamos familiarizados com as raízes da leitura, vamos aos 7 livros que todo profissional de R&S precisa ler.
Como dissemos nos parágrafos iniciais do texto, o bom leitor se limita aos aspectos técnicos e didáticos de sua atividade profissional, mas se preocupa sobretudo com o repertório cultural e intelectual que vai preencher sua biblioteca subconsciente. Dessa maneira, ao se deparar com situações complexas e pontos de indecisão, ferramentas adequadas à resolução do problema virão à tona. Em suma, a aquisição de cultura dá ao leitor um preparo não apenas intelectual, mas acima de tudo comportamental e espiritual.
Além disso, profissionais de R&S precisam de uma boa estrutura para entender o ser humano em sua múltipla diversidade cultural, comportamental e social. Os livros que eu selecionei não abordam os temas “R&S” e “RH”, mas sem dúvida te darão uma série de conhecimentos que te farão entender a alma humana minuciosamente.
A seguir os 7 Livros que Profissionais de R&S precisam ler:
- A Rebelião das Massas, de José Ortega y Gasset
- Meditações, de Marco Aurélio
- Nos cumes do Desespero, de Emil Cioran
- Novo Testamento (Bíblia Grega)
- O Erro de Descartes, de António Damásio
- O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien (trilogia completa)
- Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach
A Rebelião das Massas
Originalmente publicado em uma série de artigos no jornal espanhol El Sol, no ano de 1929, o livro aborda as ideias de Ortega y Gasset sobre o que ele chamava de homem-massa, ou seja, o ser humano desprovido de individualidade.
TRECHO DA OBRA
“Este homem-massa é o homem previamente esvaziado da sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas chamadas ‘internacionais’.”
Segundo o autor, nos últimos séculos o conceito de massa veio se avolumando, até atingir o ápice na virada do século XIX para o século XX. Resumindo, o homem-massa é o sujeito que não valoriza sua história e sua individualidade, preferindo estar em consonância com a maioria das pessoas para não ser contestado ou removido de sua zona de conforto.
Porque ler esse livro: a obra do pensador espanhol tem a virtude de dar ao leitor um amplo entendimento sobre o comportamento de boa parcela das pessoas, e o advento das redes sociais (e dos 15 minutos de fama que toda a gente buscaria, profetizados pelo artista pop Andy Warhol) apenas confirma a inegável atualidade da obra.
Meditações
Meditações não foi escrito originalmente para ser um livro. Trata-se da compilação do diário do imperador romano Marco Aurélio, um dos pilares do estoicismo, corrente filosófica de origem grega que pregava a fidelidade ao conhecimento e às virtudes e o afastamento das paixões e emoções.
Em suas meditações, o último bom imperador, como Marco Aurélio ficou conhecido, defende que tudo aquilo que não está em nosso alcance não pode nos perturbar, pois as emoções negativas que nos tomam em situações desse tipo não têm o poder de resolver o problema, além de desgastarem o nosso espírito.
TRECHO DA OBRA
“Quando a força das circunstâncias te deixar como que transtornado, volta depressa a ti mesmo; não fiques fora do ritmo além do necessário, porque serás tanto mais senhor da harmonia quanto mais frequentemente voltares a ela.”
Além disso, Marco Aurélio exorta que, se você está aborrecido por conta de algo fora de si, a origem de seu aborrecimento não está na coisa em si, mas em sua opinião sobre ela. Dessa forma, podemos dizer que o imperador e filósofo romano, em outras palavras, está nos incitando à aquisição da resiliência, elemento de suma importância nos conturbados tempos em que vivemos.
Porque ler esse livro: na verdade, se houvesse espaço nesse texto eu indicaria todos os filósofos estoicos, pois todos eles compartilham dos mesmos ideais. Hoje em dia muito se fala em inteligência emocional, utilizando-se inclusive o termo QE (quoeficiente emocional) em vez do tradicional QI (quoeficiente intelectual), como característica fundamental que todo candidato deve ter (e nem sempre acontece).
Diversas pesquisas sobre o mercado de trabalho apontam que muitos profissionais abastados em competências técnicas acabam sendo demitidos pela falta de competências comportamentais. Portanto, possuir conhecimentos sobre a filosofia estóica vai te dar um bom embasamento para lidar com esse aspecto em seus processos seletivos.
Nos Cumes do Desespero
Esse é o primeiro livro do filósofo niilista romeno Emil Cioran, escrito em 1934, quando o autor contava tenros 22 anos de idade. Originalmente pensado para ser uma carta de suicídio, a obra saiu tão brilhante, tanto intelectual quanto espiritualmente, que o depressivo autor desistiu da empreitada e lançou a obra.
A prova da genialidade do texto está no fato de ter sido premiada em seu país como melhor obra de um autor jovem inédito.
TRECHO DA OBRA
“O lirismo do sofrimento é uma canção do sangue, da carne e dos nervos. O verdadeiro sofrimento brota da doença. Por isso, quase todas as doenças têm virtudes líricas.”
Toda a obra de Cioran, apesar de extremamente pessimista e acachapante, é de uma iluminação fantástica, e o livro em questão é um relato sincero e profundo sobre os males da depressão e das dores da existência. O autor, que sofria de uma forte insônia e escrevia durante a madrugada, mescla um avassalador pessimismo e uma brutal angústia a um lirismo poético de rara beleza.
Porque ler esse livro: Ler Cioran com sinceridade e profundidade pode te dar um bom entendimento além das convenções sociais sobre as dores psíquicas que afligem o homem moderno, pois a depressão, também chamada de “a doença do século”, tem causado efeitos colaterais bem complicados nos quadros de colaboradores das empresas, refletindo em longos afastamentos, absenteísmo e turnover elevados e falta de motivação na execução das atividades laborais.
Novo Testamento (Bíblia Grega)
Não pense que eu esteja fazendo proselitismo religioso, pois o foco da leitura do NT em nosso contexto não tem finalidade teológica.
Baseado nos Evangelhos e nas Epístolas apostólicas, o Novo Testamento é uma excelente fonte de aprendizado sobre tolerância, empatia, vida em comunidade, paciência, entre outras virtudes.
TRECHO DA OBRA
“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.” Gálatas 5:22-23
Porque ler esse livro: Fazer essa leitura com um olhar humanista é uma boa forma de aprender a lidar com as dificuldades advindas das relações sociais. Além disso, você pode aprender também a contratar baseado em tais virtudes. Não se trata de fazer caridade, suspender o senso crítico ou ignorar pontos de oportunidade dos candidatos, já que não é possível contratar todos.
Trata-se, sim, de aprender a olhar a alma do outro com os olhos da própria alma para além do âmbito puramente profissional, ou melhor dizendo, superar a ideia equivocada de que o trabalho deve estar apartado da vida pessoal. Aliás, esse assunto será retomado no próximo tópico, então continue a leitura para saber mais.
O Erro de Descartes
Durante séculos, reinou com ilimitada credibilidade a teoria do filósofo francês René Descartes, conhecida como plano cartesiano, que preconiza uma divisão irreconciliável entre razão e emoção. Segundo o filósofo racionalista, as emoções seriam um aspecto primitivo do homem, a ser superado pela razão, aspecto superior.
Por conta dessa ideia, por muito tempo considerou-se vergonhoso expor as emoções em público, o que evidentemente foi transportado para o ambiente corporativo. Funcionário bom era funcionário que “deixava suas emoções na porta da empresa”.
Contudo, o neurologista português António Damásio trouxe vários argumentos cientificamente comprovados de que a dualidade “razão-emoção” na verdade não existe, e todas as decisões que nós sempre tomamos acreditando serem puramente racionais têm origem em nosso emocional.
Segundo o neurologista, o funcionamento da mente é bem mais complexo que a simples dualidade cartesiana.
TRECHO DA OBRA
“Do meu ponto de vista, o que se passa é que alma e o espírito, em toda a sua dignidade e dimensão humana, são os estados complexos e únicos de um organismo. Talvez a coisa que se torna mais indispensável fazermos, enquanto seres humanos, seja a de recordar a nós próprios e aos outros a complexidade, a fragilidade, a finitude e a singularidade que nos caracterizam.”
Porque ler esse livro: a nova visão sobre o mercado de trabalho e os relacionamentos humanos ocorridos em âmbito corporativo exige a superação de antigas concepções equivocadas. Como os profissionais de Recrutamento e Seleção fazem o elo entre talento e mercado, é de suma importância entender essa nova abordagem.
O Senhor dos Anéis
A clássica trilogia escrita pelo mestre da literatura fantástica J.R.R. Tolkien não é apenas uma obra de fantasia e entretenimento, mas sobretudo uma obra filosófica e literária que nos ensina a valorizar o bem, a beleza e a verdade e repudiar o mal, a feiúra e a mentira.
A trilogia, composta pelos volumes A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei, conta a história de um anel criado pelo senhor da escuridão para escravizar os povos livres. Quando um valoroso rei tenta derrotar o vilão Sauron, durante a batalha corta seus dedos com sua espada, o que faz com que seu corpo se dissolva e sua alma fique metade presa no anel e outra metade em um olho de fogo que tudo vê.
A história começa a se desenrolar de fato quando uma comitiva é formada para eliminar o anel, que só pode ser destruído na fenda em que foi forjado, nas terras de Sauron.
TRECHO DA OBRA
“É como nas grandes histórias, sr. Frodo. As realmente importantes. Eram cheias de perigo e escuridão. E às vezes nem se queria saber o final. Por que como o fim poderia ser feliz? Como o mundo poderia voltar a ser o que sempre foi quando tanta coisa ruim acontecia? Mas no final é algo que passará, essa sombra, até mesmo a escuridão acabará. Um novo dia virá. E quando o sol nascer ele brilhará ainda mais. Essas eram as histórias que ficavam com a gente, que significavam alguma coisa, mesmo quando eu era pequeno demais para entender por quê. Mas eu acho, sr. Frodo, que eu entendo. Agora eu já sei. As pessoas daquelas histórias tiveram muitas chances para desistir, mas não desistiram. Elas foram em frente porque estavam se agarrando a alguma coisa. […] Que há algo de bom neste mundo, sr. Frodo. Algo pelo qual vale a pena lutar.” (fala do personagem Samwise Gamgi, membro da comitiva do anel)
Porque ler esse livro: em um mundo pautado pela inversão de valores, pela corrupção na política, pelo descaso com o outro e pela ganância desenfreada, ler uma obra que reforça com clareza a importância de valorizarmos as coisas que realmente importam, sem relativismo, é um oásis de sensatez em um deserto de caos e confusão. Educar a imaginação através de boas obras literárias é um bom modo de se tornar um ser humano elevado.
Estes são os 7 Livros que Profissionais de R&S precisam ler.
Fernão Capelo Gaivota
Esse romance, publicado pelo escritor americano Richard Bach em 1970, conta a história de uma gaivota que não se contenta em voar como todas as outras gaivotas do bando.
A paixão de Fernão pelo voo como algo além do simples exercício do movimento é uma alegoria à liberdade que poucos indivíduos têm a coragem de buscar. Isso fica mais evidente pelo constrangimento que suas aspirações causam no clã (a ideia do homem-massa de Ortega y Gasset pode muito bem ser aplicada aqui), que não aceita a ideia de que uma gaivota possa criar a sua própria perspectiva de vida.
Outro ponto interessante do livro está no fato de que o personagem principal só consegue atingir seus objetivos através de muito treinamento diário, o que nos mostra que o sucesso não depende exclusivamente do talento, mas de muito esforço, disciplina e persistência.
TRECHO DA OBRA
“Mil vidas, Fernão, dez mil! E depois mais cem vidas até começarmos a aprender que há uma coisa chamada perfeição, e ainda outras cem para nos convencermos de que o nosso objetivo na vida é encontrar essa perfeição e levá-la ao extremo.”
Porque ler esse livro: aprender a valorizar a individualidade, a liberdade e o aprendizado vai te ajudar a compreender o contexto e o momento de cada candidato. Um currículo inadequado a uma determinada vaga não significa um currículo ruim. Ao mesmo tempo, um candidato pouco preparado não significa um candidato ruim. Tudo depende de um certo contexto e do momento que cada indivíduo está vivendo em sua carreira profissional, algo sempre passível de evolução e mudança de curso.
Estes são os 7 Livros que Profissionais de R&S precisam ler.
Conclusão
Provavelmente essa lista de livros te surpreendeu. Diversas listas facilmente encontradas na internet fornecem resumos de livros técnicos da área de R&S. Muitas delas são excelentes e devem ser lidas com carinho, mas esta que compartilho com você agora tem um intuito diferente de todas as outras listas.
Estes são os 7 Livros que Profissionais de R&S precisam ler. Espero ter ajudado.
Um abraço e até o próximo artigo!